5.12.06

pois tudo que ofereço é meu calor, meu endereço

Vim pra cá pra não ir pra outro lugar. Eu posso pensar milhares de maneiras de me machucar (escrevi 'machurar', olha o ato falho) nesse momento. Mas vim aqui vomitar. Façam de conta que eu não voltei. E, enquanto isso, segurem o meu cabelo.
Mas voltando. Esse blog virou meu balde de gelo. Tipo meu lugar inapropriado pra vomitar. Sempre foi, desde que eu era uma nerd solitária e pessimista no weblogger. No começo, eu era racional e econômica nas palavras. O tempo foi passando, eu me apaixonei e a prudência foi pela janela. Paixão não só por uma pessoa, mas pelos novos amigos, por novas músicas e por novas idéias. Deu uma vontade tão grande de botar tudo que eu amo aqui dentro comigo que, muitas vezes, eu esquecia (e ainda esqueço) que eles não tão aqui dentro de fato. Que eu posso sentir o amor mais forte do mundo, que eu posso ter a intenção mais nobre. Mas isso não significa que os outros vão entender a magnitude da coisa se eu não conseguir demonstrar. Esses olhos míopes são meus, essa barriguinha de carboidrato puro é minha, esse nariz que não tem olfato é meu. Só eu sei o que tem aqui dentro.

...

Ou não. Porque tem gente que só de olhar, poof. Sabe que tem alguma coisa errada. E isso só acontece com a convivência, principalmente ao vivo. É tão difícil fingir por muito tempo ser o que não é, sentir o que não sente (ai caraio, tô virando uma música da RoRo). Tá, sem generalizar, mas pelo menos pra mim é extremamente difícil. Nem no momento em que eu mais me senti acuada na vida eu consegui mentir e fazer de conta que eu era a heterazinha que a minha mãe pediu pra dEUS.
Saber diferenciar uma mágoa passageira de ter a necessidade física de não sentir absolutamente nada (nem que seja com a ajuda de desinfetante de ferimento à bala), entender que a minha breguice é constante, lidar com a minha dificuldade em esconder as coisas (inclusive as piadas ruins que me passam pela cabeça), perceber que eu só peço lanche de criança na Bella Paulista (e como eu adoro dar nomes inventados pro moço que organiza a fila), rir do meu desapego quando me perco dirigindo pela cidade (e também quando não me perco), quando eu sou a única a não conseguir conter o riso quando *aquilo* acontece e todo mundo pensa a mesma coisa. Essas pequenas e preciosas coisas, só no dia-a-dia. O dia-a-dia é subestimado. Porque se não é no cotidiano, fica aquele recorte. Ocasião especial.
Não que o recorte não seja significativo (acho que o Freud aprovaria essa minha frase). Mas em termos de criar intimidade e credibilidade...duvido que alguém duvidaria de mim se pudesse me ver todos os dias.
Coisa que eu pude comprovar.

...

Eu já nem sei mais o que eu tô falando, consegui me contradizer no mínimo 6 vezes. O que eu quero dizer, acho, é que algumas pessoas te conhecem e outras não. Duh. Chovendo no molhado. Ridícula. Mas algumas pessoas percebem que tão aqui dentro comigo e falam 'hm, this is nice, eu entendi'. Mas algumas te conhecem e não querem conhecer. Tipo 'eu tô vendo, mas traduz pra mim, pra me dar margem pra não entender?'.
Enfiiiiim, ninguém tá lendo até aqui, tenho certeza que na terceira linha metade dos leitores parou por me achar clichê demais. E eu sou clichê, ultimamente mais do que nunca. Já me confundi, mas passou meia-hora e eu não fiz besteira. O vizinho aparentemente fez, tá vomitando. Toda manhã é assim. Ele tosse umas três vezes, na quarta a tosse vira um vômito. Eu até fico contando. E esperando que ele não tenha cabelo comprido ou que, pelo menos, tenha alguém pra segurar o cabelo. Toda manhã ele vomita. Tipo eu, né.
Espero que ele tenha um belo balde de gelo.

Nenhum comentário: