give the jew girl toys
Entrando no espírito natalino (but not really), eu fico pensando em uma história da minha memória hetero.
Quanto eu tinha uns oito ou nove anos, me apaixonei pelo neto da minha vizinha da frente. Ele era mais velho (tipo doze anos) e tinha aquela atitude 'não quero saber de meninas'. Não no sentido gay da coisa, mas no sentido bem cool mesmo. Tipo ignorando a existência dos hormônios. Tipo 'sou superior à polução noturna'. Mas enfim. O fato é que ele só passava os domingos na casa da avó. Eu e uma amiga minha ficávamos esperando ele chegar, ficávamos vendo de longe, sem fazer contato algum.
Até que um dia percebemos que ele costumava vir na casa da avó só aos domingos porque ia na igreja com ela. A avó é super religiosa e bem esquisita (obviamente). Aí eu tive a péssima idéia de tentar uma conversão religiosa. E não tô falando só de ir na missa domingo.
Tô falando de fazer catecismo. Que a minha mãe nunca me obrigou a fazer (mas eu sou batizada, infelizmente. Seria muito incrível se eu não fosse, mas aposto que a minha avó paterna ficou com medo de eu crescer com rabo).
Começamos a fazer, né. Tudo pelo amor. Se não por Jesus Papai, pelo menos pelo menino fofo. E aí era tudo muito entediante, um nonsense que beirava as figurinhas da Gang do Lixo (Santa Cecília com os olhos numa bandeja? Eu sou mais o Edu Móbile). Eu me sentia participando de uma grande psicose coletiva. E quando me faziam ler a Bíblia em voz alta? Versículo e tchananaz. E eu não localizava a coisa. Porque, sério, quem divide a coisa assim? É só pra ser fanático mesmo e ficar quotando as coisas com mais dificuldade e todo mundo ficar 'uau, ele sabe localizar um versículo e tchananaz e ainda por cima lembra qual é. Alelura glória a deus'.
Meu cu.
E tinha dever de casa. Mas não conseguiram nem me pescar pelo lado nerd. Eu ficava é assustada porque eu fazia e tal. Aí na semana seguinte, quando ia fazer, a tarefa da semana anterior tava corrigida já. Eu não lembrava de terem corrigido. E as correções tavam em caneta vermelha. Eu ficava assustada achando que tinha sido o diabo que tinha corrigido (caneta vermelha e tal)*. Eu tô falando muito sério.
O ponto que eu não aguentei mais foi aquilo da baleia lá, que comeu fulaninho e tal. Nesse ponto eu num aguentei e dei um basta. Nenhuma crush valeria a pena, pelamordedavidlynch.
Nunca mais vi o menino, não tenho rabo, ainda não sei localizar um versículo e tchanananz (e espero morrer assim) e adoro não acreditar em nada.
Fim. Bem natalino, né? Como nasceu o espírito gay dentro de mim.
...
what do jesus have to do with you?
you've got as much to do with jesus as you do with scooby doo
what do you have to do with jesus?
you have as much to do with him as you do with your mother's penis
A Sarah Silverman cantando pro papai noel (minha mais recente crush**, provando que eu finalmente descobri que tenho um padrão físico que me atrai. A Sarah, minha gente, não o papai noel), celebrando esse nascimento colorido e gorgeous na vida da pessoa gay.
* agora eu percebo que a minha infância deve ter sido muito aterrorizante.
** ai! ela só pode ser muito bacana mesmo. é amiga da aimee mann.
Um comentário:
Volta que eu quero saber tudo!
=*
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