i used to want to change the world. now I just want to leave the room with a little dignity
Fui na Mostra, vi o melhor filme do ano e resolvi crescer um pouquinho. Simples assim.
Depois de Hedwig, eu fiquei com medo pelo John Cameron Mitchell. Seria muito difícil ele se superar. Mas aí com Shortbus eu fiquei aliviada. Ele se tornou o diretor/roteirista que eu queria que ele se tornasse, é incrível. Conseguiu sobreviver usando o coração na manga, como todos os personagens dele. Continua breguinha daquele jeito esquisito, continua engraçado e triste ao mesmo tempo. Continua fazendo com que os freaks desse mundo percebam que não tão sozinhos e consegue mostrar nesse povo esquisito uma sinceridade que até faz doer o dente. Consegue mostrar uma drag ególatra com o coração partido e fazer com que você se identifique com aquele ser gigante, de peruca loira e figurino da Cher. Consegue fazer você torcer pra mocinha ter orgasmo até mesmo se você é um pós adolescente cheio de hormônios e se excita até olhando pra um tapete. Consegue fazer você acreditar nas confissões de dois personagens que foram trancados no armário durante Verdade ou Desafio. Desses personagens esquisitos nessas situações absurdas, é impressionante o quanto a gente acaba se identificando ou torcendo. Porque eles andam com o coração na manga mesmo.
Hedwig pra mim é sobre desenvolver a visão do amor e tal, deixar pra lá aquela coisa infantil de 'duas metades da laranja' e entender que você não foi cortado ao meio quando nasceu por causa da ira dos deuses.
Aí que eu fiquei preocupada em como o JCM ia mostrar o amor nesse filme porque a mensagem de Hedwig é tão clara e aparentemente muito pessoal pro JCM que eu não queria que ele entrasse em contradição. Besta, eu sei, mas o meu amor por Hedwig poderia ser prejudicado por Shortbus.
Depois de assistir, fiquei aliviada. Shortbus é um filme adulto. Não por ter gente trepando de verdade, nem pela maioria do elenco ter lá seus trinta e poucos anos. Mas porque encara isso da felicidade num relacionamento como tendo a ver mais com você do que com quem você tá. Tipo, deu certo, ok, que bão. Não deu? Ah, que pena, tem com quem dê, vamo testá. E isso é extremamente adulto. Não é desapego nem promiscuidade. É reconhecer quando não funciona e tentar buscar o que funciona.
Chega de chorar pelos outros que não tão nem aí pra você, chega de encher os amigos, chega de lutar sozinha pelo que não existe. O mundo tá aí, eu sou inteligente e limpinha. Quer, quer. Não quer, paciência, tem quem queira. Tudo isso é muito óbvio, claro. Pra pessoas maduras. Eu funciono em outra rotação, ainda. Mas dá pra dizer que, hoje, o JCM salvou a minha vida, mais uma vez. Um tapa na cara mais do que necessário.
...
Quase todos os atores não eram atores. O JCM botou informações sobre o filme, na pré-produção, no site dele. Pra selecionar aqueles que topariam fazer sexo de verdade. Acabou que encontrou um povo ótimo. Legal também reconhecer alguns de Hedwig. A trilha-sonora, os efeitos especiais, tudo. E a Severin, que tá concorrendo a Claudia Gator do ano.
É de virar pro lado quando o filme acaba e falar um sonoro 'ai que tudo'.
Vai. O trailer.
Um comentário:
e eu louca pq não vi ainda o filme de animação "a casa monstro"!
..me faz mulher?*
hahahahahahaha!
*quis dizer adulta!
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