underneath the covers
Meu vô foi pro hospital tipo 3 vezes nas últimas duas semanas. Tem algumas artérias entupidas, além de uma fissura no coração. Tipo rachadura mesmo. Tão romântico. Ele tem uns 78 anos, mas é sempre muito animado e com uma aparência ótima. Não consegue parar em casa, insiste em sair de ônibus pra almoçar com o amigo, pra ajudar não sei quem com não sei o quê e etc.
Já voltou do hospital. Fui visitá-lo sexta, fiquei na sala com ele e a minha vó. É engraçado quando tem alguém doente assim, sempre fica um clima meio fúnebre, que contamina absolutamente todos os assuntos. Minha vó desandou a falar do Cazuza (ela tá lendo um livro sobre ele), que era mimado, rebelde, que tomava azt com vinho. E meu vô, demonstrando ao vivo o que é subtextualidade, falou que o cara já sabia que ia morrer, que tinha que aproveitar mesmo. Que é bem o que ele tá fazendo. Num deveria fazer muita coisa, mas ele faz.
E foi assim com todos os assuntos, desde fulana que tá com hepatite até a dança dos famosos do Faustão. Tipo velando o vivo. Story of my life.
O que me faz lembrar, dia dos pais. Coisa mais constrangedora inventarem de fazer atividades especiais pras crianças, no primário, no dia dos pais. Tipo porta-retratos, nhenhenhem. Eu não lembro o que eu fazia*, só sei que era algum tipo de enrolação e disfarce. Como se ninguém soubesse. Lembro da cara das professoras até hoje. Como professor sofre, meu deus. O respeito e o amor que eu tenho por esses professores meus é infinitamente maior do que o que eu tenho por, sei lá, todos os meus exes juntos e multiplicados por mol.
Mas sim, dia dos pais. É uma das raras ocasiões em que eu e meu irmão participamos do almoço de domingo, já que o nosso almoço lá é de quarta. Acho que nem no dia das mães a gente faz tanta questão de estar junto quanto no dia dos pais.
Go figure.
*lembrei que em um ano eu fiz tudo igualzinho ao que os meus colegas tavam fazendo, só que dei pra minha mãe o presente.
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