let's pretend we don't exist
Ontem assisti esse filme (google vai me esconder). Tava com preconceito de assistir, filme antigo e blá. Mas ia ter discussão depois, com um psicanalista famoso. Aí assisti.
Uma mulher se apaixona por um vizinho muito mais velho, pianista. Ela diz que não lembra nada da sua própria vida até ver os móveis dele entrando no prédio em que ela mora. E vai se apaixonando por ele, sem conhecê-lo, de um jeito bem stalker. Doida de pedra. Até o dia em que ele repara nela, saem por alguns dias e ele faz uma viagem pra Itália, que dura apenas duas semanas. Depois dessas duas semanas, ela nem sabe se ele voltou mesmo ou não.
Anos depois, ela já casada (mas mãe de um filho do pianista), o vê numa ópera. Vai atrás dele, ele não se lembra dela. Ela fica com cara de pastel. Como assim, ele não lembra?
Mas ela não fala nada e quando confirma que ele não lembra mesmo, sai correndo.
Enfim, no final todo mundo morre, whatever. Aí o debate foi em torno do narcisismo e do anaclismo (anaclismo sendo escolha objetal com base no modelo dos pais e narcisismo tendo base em si mesmo). Que a mulher do filme idealizava horrores o pianista e o quanto isso é narcísico. Ela projeta nele coisas que, obviamente, não são dele mas dela. Ele aceitava isso porque tava seduzindo e tal. Deixando com que ela achasse que o conhecia.
Comecei a pensar nos relacionamentos que eu tive. Acho básico começar idealizando a outra pessoa, mas o problema é continuar idealizando e se relacionar com um fantasma. Isso eu num fiz, eu acho. Tipo nunca. Sempre idealizei no começo mas depois desencanei. Ou então idealizei e tomei no cu lindamente. E amaldiçoei relacionamentos fechados pra não ser traída ever again. Mas enfim.
Outra coisa sobre relação fantasmática (tem tanto isso na clínica...é muito interessante de ver). Você projeta tanta coisa sua no outro que acaba ficando vazio. Lembro meu professor de social, no segundo ano da faculdade, dizendo isso. Você dá tanto pro outro que fica buraco em você, quando acaba. Pensei sobre como eu tenho sido e acho que eu num tenho buraco em mim. Podem chamar de negação, mas eu não me sinto vazia, nem menos completa, só menos feliz. Acho que meu problema num é a alteridade nem narcisismo (pelo menos não aqui). Eu sei que algumas* pessoas são diferentes de mim. E você já sabe o que eu vou falar agora. Que é por serem diferentes que eu gosto delas e tal.
Eu já me perdi, não sei mais o que ia falar. Então chega, né?
* a maioria, né? Porque mãe não vale.
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